segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Annette Laming-Emperaire e Luzia em Minas Gerais: O encontro das mulheres que nos revelou nossas remotas origens


Disponível em https://www.brasildefato.com.br/2018/09/04/luzia-5-curiosidades-sobre-o-fossil-perdido-no-incendio-do-museu-nacional/. Acesso em 06 de nov. 2023


Um surpreendente encontro de duas mulheres nas entranhas de uma caverna mineira marcou a trajetória de cada uma e revolucionou a História da Ciência Mundial. Mais de 10 mil anos separavam essas mulheres e, ao se descobrirem, nos levaram as nossas origens mais remotas Uma precisava da outra para ganhar identidade e se revelar ao mundo. Enquanto a outra precisava da primeira para responder os questionamentos que a levaram a atravessar o Atlântico.

Uma delas é Luzia, mulher que viveu em Minas Gerais há aproximadamente 11500 anos. Pertencia a um grupo nômade, morreu com cerca de 20 anos e seu corpo foi encontrado em uma cavidade natural na caverna conhecida como Lapa Vermelha IV, nos arredores de Lagoa Santa. Coberta por mais de 12 metros de sedimentos depositados ao longo dos séculos, Luzia permanecia silenciada e anônima até ser encontrada pela equipe chefiada por outra mulher: Annette Laming Emperaire.

Annette era filha de diplomatas franceses e nasceu em São Petersburgo em 1917, poucos dias antes da Revolução Russa. Ao retornar com a família para a França, graduou-se em Filosofia e especializou-se em Arqueologia, Pré-História e estudo de pinturas rupestres. Durante a Segunda Guerra Mundial fez parte da Resistência, movimento que lutou contra a ocupação francesa pelos nazistas. Foi presa e levada a um campo de conscentração alemão, mas sobreviveu para encarar seus novos desafios. Além das suas atividades políticas, Annette seguia sua trajetória como arqueóloga. As descobertas sobre a antiguidade da ocupação humana na região de Lagoa Santa, iniciadas pelo naturalista dinamarquês Peter W. Lund no século XIX, a motivaram a pesquisar no Brasil.

Sabemos pouco da vida de Luzia até jazer na caverna mineira. Podemos apenas inferir a partir das pesquisas sobre o agrupamento humano do qual fazia parte. Luzia compunha um povo que ficou conhecido como Raça ou Homem de Lagoa Santa. Conviveu com a megafauna extinta composta por animais como tigres dente-de-sabre, preguiças e tatus gigantes, entretanto não caçava esses animais e nem sequer utilizava seus ossos e dentes como matéria prima para seus objetos. A sua alimentação era composta majoritariamente pela coleta de frutos e sementes (araticum, pequi, jatobá, cagaitera, gabiroba, araçá, coquinho licuri) e por alguma caça de pequenos e médios animais (pacas, veados, capivara, ouriço cacheiro, siriema, jacu, tamanduá, cotia, preá, mocó, porco do mato, teiú). Sabemos que seu povo não cultivava vegetais e não fabricava vasilhas de cerâmica. Seus instrumentos líticos eram simples, de pedra lascada. Pela sua idade, Luzia provavelmente teria filhos que compunham seu grupo de deslocamento de cerca de 25 pessoas.

As primeiras incursões de Annette no Brasil ocorreram em 1971, mas ganharam maior relevância quando se formou a Missão Franco-Brasileira patrocinada pela UNESCO, Ministério de Assuntos Estrangeiros da França e Museu Nacional. A Missão tinha como objetivos aprofundar conhecimentos levantados por Peter Lund, inventariar sítios arqueológicos e analisar pinturas rupestres buscando compreender seus significados. Annette e sua equipe exploraram dezenas de sítios arqueológicos na região de Lagoa Santa entre 1973 e 1976 e, em 1975, realizaram sua grande descoberta: a ossada daquela que posteriormente seria batizada de Luzia, um dos esqueletos humanos mais antigos das Américas.

Não sabemos como Luzia foi parar naquele lugar da caverna e a causa exata da sua morte. Possivelmente tenha sido provocada por um acidente ou ataque animal. Na época em que viveu o clima era diferente do atual, a seca e o frio tornavam a região de Lagoa Santa inóspita e pouco atrativa para fixação. O agrupamento de Luzia deveria estar só de passagem, o que explica o fato de não ter sido enterrada segundo o ritual de seu povo. Seu corpo caiu ou foi arremessado e deixado para trás na solidão da caverna.

Annette não teve tempo de realizar grandes publicações sobre sua descoberta, pois faleceu em 1977. Assim como Luzia, teve sua vida interrompida por um trágico acidente: faleceu devido a um vazamento de gás no banheiro de um Hotel em Curitiba. Uma mulher que sobreviveu às câmaras de gás construídas pela crueldade dos nazistas, sucumbiu aspirando o gás produzido pela irresponsabilidade brasileira. Mesmo falecendo tão precocemente, tornou-se um marco na Arqueologia Brasileira, pois além da descoberta que mudou o olhar científico para a pré-história americana, Annette foi pioneira nas datações radiocarbônicas para sítios arqueológicos, estudos modernos dos sambaquis e pinturas rupestres. Influenciou e marcou a formação das futuras gerações de arqueólogos brasileiros.

Luzia tinha uma estrutura craniana diferente dos povos indígenas encontrados pelos portugueses no Brasil. Por isso, os estudos de Anatomia Comparada levaram muitos cientistas a acreditarem que ela era descendente de aborígines australianos e africanos. Peter Lund já sinalizava essas características morfológicas diferenciadas em seus estudos das ossadas humanas encontradas na Lapa do Sumidouro em Minas Gerais em meados do século XIX. A partir daí, surgiram várias teorias para explicar a origem, a data e a forma como Luzia e seu povo chegaram à América do Sul. Mas até o “efeito Luzia” em 1998, os estudos sul-americanos foram ignorados pela comunidade científica mundial.

Após realizar uma das mais abrangentes escavações arqueológicas na Lapa Vermelha IV, encontrar Luzia e falecer abruptamente, Annette e sua equipe não puderam ampliar seus estudos e fazer publicações aprofundadas a respeito dos vestígios que encontraram. Em 1979 foram publicados os primeiros resultados dessa escavação, mas conflitos entre os franceses e brasileiros da Missão chefiada por Annette geraram divergências sobre quem detinha os direitos de estudo sobre o rico material coletado.

Após ser resgatada por Annette numa fenda da caverna, mais de 11 mil anos após a sua morte, Luzia foi novamente esquecida. Desta vez em uma das gavetas do acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Ela não era uma exceção. Desde que Peter Lund revelou ao mundo as riquezas fósseis das cavernas mineiras, várias missões científicas estiveram na região coletando um número significativo de fósseis primitivos. Porém, esse material encontrava-se em gavetas de museus pelo mundo e pelo Brasil, sem que a comunidade científica se atentasse para sua importância e potencialidades de estudo. Até a década de 1990, nenhuma ossada tinha sido sequer datada por Carbono 14. Luzia era mais uma esquecida numa dessas gavetas museológicas.

Annette, assim como Luzia, foi calada e esquecida. Era uma mulher que sempre lutou por seus ideais e sonhos, que se impôs numa comunidade científica majoritariamente masculina, que não temia nazistas, preconceitos ou adversidades. Porém, no momento de sua maior descoberta científica, não teve a oportunidade de receber o reconhecimento merecido pelo seu trabalho. Trouxe Luzia à luz e saiu de cena.

Luzia só se tornou conhecida quando foi objeto de estudo de pesquisadores da USP que a resgataram no acervo do Museu Nacional. A reconstituição de sua face teve repercussão internacional na década de 90 e as teorias aventadas por Peter Lund e defendidas por importantes pesquisadores brasileiros entraram na pauta de debates científicos. Era o “Efeito Luzia”. Novamente discutiam-se as teses de Lund de que o povo de Luzia ocupou a América muito antes do que se supunha, coexistindo com a megafauna primitiva extinta. Defendia-se que Luzia pertencia a um grupo distinto da raça mongólica que predominou em momentos mais tardios da história humana no continente e que deu orígem aos atuais indígenas americanos. No entanto, a Ciência está em constante desenvolvimento e o surgimento da tecnologia de extração de DNA dos fósseis trouxe nova luz a essa antiga polêmica científica. A arqueogenética demonstrou que Luzia tinha as mesmas características genéticas dos indígenas americanos e, portanto, a mesma origem mongólica. Hoje se defende que as diferenças morfológicas de Luzia e seu povo tenham ocorrido devido à adaptação ao meio.


Disponível em https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-biologicas/dna-antigo-conta-nova-historia-sobre-o-povo-de-luzia/ Acesso 06 de nov. de 2023

Desde sempre o ser humano se pergunta de onde veio. O encontro de Luzia e Annette nos possibilitou caminhar um pouco mais na busca dessa e outras respostas, ajudando-nos a conhecer melhor nossas origens mais remotas. A América apresentou Luzia como seu símbolo originário, assim como a África tem a Lucy e a Europa, o Neandertal. Luzia esperou mais de 11 mil anos até se deixar revelar para uma mulher que a acolheria e entenderia: a sensível e guerreira Annette Laming Emperaire.

ARTIGO DE ANA PAULA MARCHESOTTI ORIGINALMENTE PUBLICADO NA REVISTA MEER.COM DE 29 DE OUTUBRO DE 2023

https://www.meer.com/pt/74126-annette-laming-emperaire-e-luzia-em-minas-gerais


quarta-feira, 4 de outubro de 2023

A biblioteca que atravessou o Atlântico: Fugas secretas da família real e enormes doações conservam o passado-recente na História do Brasil

Fonte: Wikipédia


Ao visitar a Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro mergulhei em sua história e me transportei para outras inesquecíveis bibliotecas da Humanidade. Caminhando pelos corredores e estantes, eu me encontrei com outra mulher fazendo o mesmo em outra grande biblioteca, do outro lado do mundo: Hipátia, na Biblioteca de Alexandria.

Hipátia viveu por volta do ano 360 em Alexandria, atual Egito, e vivia mergulhada naquela que é considerada a biblioteca mais antiga do mundo, o que a possibilitou tornar-se a primeira mulher matemática do mundo e uma referência em estudos de Filosofia, Astronomia e Medicina. Hipátia trilhou um caminho intelectual diferenciado das mulheres de seu tempo. Estudou na Grécia e tornou-se professora da Academia e Museu de Alexandria, além de conselheira de políticos importantes do Império Romano. Sempre que penso na Biblioteca de Alexandria, eu a vejo desbravando seus livros.

Com Hipátia ao meu lado como fonte de inspiração, fomos juntas descobrir a História das bibliotecas e, especialmente, daquela que se apresentava a mim de forma tão impactante: a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

Fonte: Wikipédia
A palavra Biblioteca nos remete à ideia de um lugar onde se guardam livros, normalmente aberto ao público em geral. Hoje esse conceito foi bastante ampliado e sabemos que nem sempre foi assim. Na maior parte da História, eram lugares fechados e acessíveis apenas a uns poucos estudiosos. Hipátia viveu essa época e era uma das estudiosas que frequentou a Biblioteca de Alexandria. É um privilégio viver em um tempo em que as bibliotecas se abrem para quem quiser acessá-las.

A humanidade sempre buscou registrar e resguardar o seu conhecimento nos suportes que lhe estavam disponíveis: das pinturas rupestres aos registros digitais. As primeiras bibliotecas surgiram no Oriente e eram locais onde se guardavam as tabuletas de argila nas quais se faziam os registros escritos. O uso dos pergaminhos no Mundo Antigo disseminou muito a escrita e fez surgir espaços mais próximos das atuais bibliotecas.

A biblioteca reconhecida como a mais antiga da Humanidade e que era praticamente a casa de Hipátia era a “Biblioteca de Alexandria”, mas havia muitas outras na Antiguidade como a de Nínive no atual Iraque e a de Pérgamo na atual Turquia. Em Roma havia grandes bibliotecas particulares, fruto de saques de guerra, como a Vila dos Papiros descoberta sob as cinzas do Vesúvio. Também em Roma surgiram as primeiras experiências próximas do que chamamos atualmente de Bibliotecas Públicas.

Infelizmente todas as gigantescas bibliotecas da Antiguidade foram destruídas por incêndios, guerras e catástrofes naturais e políticas. Assim ocorreu com a Biblioteca de Hipátia, ou melhor, a Biblioteca de Alexandria. Junto com os incêndios e saques, a maior parte da produção dessa grande intelectual e pensadora foi perdida. Se hoje conhecemos um pouco do que pensou e escreveu, devemos à correspondência que trocou com um de seus muitos alunos: o filósofo Sinésio de Cirene.

Durante a Idade Média, todo o acervo bibliográfico ficou longe da população, restrito e protegido nos mosteiros e conventos. Os monges copistas foram responsáveis por reproduzir manualmente obras únicas. O livro e o filme “O nome da Rosa” de Humberto Eco mostram bem a aura e a importância das bibliotecas medievais.

No século XIII, com o ressurgimento das cidades e nascimento das primeiras universidades, as bibliotecas foram reabertas à consulta e disseminadas por diversos países. No século XV ocorreu uma das maiores revoluções da Humanidade: a invenção da imprensa por Johannes Gutemberg. Este alemão, leitor voraz, criou um sistema mecânico de tipos de caracteres móveis que permitiu a produção de livros em massa, tornando-os mais baratos e acessíveis à população. Gutemberg possibilitou a circulação do conhecimento e a ampliação dos acervos das bibliotecas de todo o mundo. A partir daí, surgiram grandes bibliotecas reais, religiosas e universitárias que estão em funcionamento até hoje e que introduziram um caráter democrático e acessível ao público.

Em Portugal, a Família Real formou ao longo dos anos uma considerável biblioteca, a Livraria d’El Rei, mas grande parte de seu acervo foi perdido no grande incêndio provocado pelo terremoto que destruiu Lisboa em 1755. O pouco que sobrou foi o começo daquela que se tornaria a nossa Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro.

Incêndios foram cruéis com as bibliotecas ao longo da História e Hipáfia foi testemunha disso. A Biblioteca de Alexandria sofreu incêndios que destruíram as obras escritas e consultadas por ela. Mas guerras e conflitos políticos e religiosos foram os maiores responsáveis pela destruição da biblioteca e da própria vida de Hipátia. Ela foi assassinada e linchada nas ruas de Alexandria por cristãos que a consideravam uma traidora por lecionar para alunos de todas as religiões e por não abandonar sua fé pagã. A intolerância religiosa sempre foi inimiga da razão, da humanidade e da sabedoria.

Voltando a nossa História, o movimento de reconstrução de Lisboa após o terremoto previa a recomposição do acervo e a criação da Real Biblioteca de Ajuda, o que foi feito com numerosas aquisições e doações. Mas a invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão Bonaparte em 1808 mudou o rumo dessa História, trazendo o acervo dessa biblioteca para o Brasil. Mas, antes disso, enfrentou muitos percalços.

Como se sabe, a Família Real partiu de Portugal rumo ao Brasil às pressas e de forma bastante tumultuada. Toda a sede de um governo foi transferida de um continente para o outro em 36 navios em fuga. Cerca de 5 a 15 mil pessoas e todo o aparato de governo embarcaram e disputaram espaço nos navios. Aos que ficaram, restou apenas o conselho de receber os invasores franceses pacificamente, evitando grande derramamento de sangue. Os relatos do embarque são chocantes!

No meio desse turbilhão, o acervo da Real Biblioteca foi encaixotado e levado ao porto para envio ao Brasil. Entretanto, foi esquecido no cais, assim como milhares de portugueses que clamavam pelo embarque em algum navio. Parece absurdo, mas aconteceu: a biblioteca ficou para trás, no porto de Portugal. A “biblioteca esquecida” foi salva por bibliotecários que também não conseguiram embarcar e a esconderam da rapina do exército francês de Napoleão. Impossível não lamentar o fato de ninguém ter salvado as obras de Hipátia e tantas obras raras e únicas da Biblioteca de Alexandria.

Tão logo soube do fato, D João VI solicitou que a biblioteca fosse enviada ao Brasil, o que foi feito em três viagens secretas entre 1810 e 1811. Quantos perigos de destruição enfrentaram os diversos caixotes de livros e documentos em Portugal e ao atravessarem o Atlântico!

No Brasil, o acervo foi instalado em locais e sedes provisórias. A Biblioteca foi oficialmente criada em 1810 e abrigada nas catacumbas do Hospital da Ordem Terceira do Carmo. Até ganhar o atual e deslumbrante prédio que a abriga no centro do Rio de Janeiro, em 1910, a biblioteca continuou vivendo momentos imprevisíveis.

Em 1820, o Rei D João VI foi obrigado a retornar à Lisboa por exigência dos portugueses. Um dos responsáveis pelo acervo da Biblioteca, ao saber do Processo de Emancipação do Brasil, partiu secretamente para Portugal levando consigo cerca de cinco mil preciosos manuscritos. A maior parte do acervo, entretanto, permaneceu no Brasil. Mas pagamos caro por isso!

No processo de reconhecimento de nossa Independência, aceitou-se que a nova Nação pagaria à Família Real Portuguesa uma indenização pelos bens deixados no Brasil. Dos dois milhões de libras pagos a Portugal, oitocentas eram para pagamento de indenização pela Real Biblioteca. Após a Proclamação da República, D Pedro II e a Família Real também foram para Portugal, mas desta vez doaram para a Biblioteca cerca de 100 mil obras, o que foi a maior doação recebida na História. Foi preciso ampliar as instalações para comportá-la.

A História da Biblioteca Nacional se confunde com a História da Nação Brasileira, assim como a História da Biblioteca de Alexandria se mistura com a de Hipátia. Seu nome mudou de acordo com a situação política do país. Foi fundada como Real Biblioteca quando o Brasil era colônia de Portugal; passou a ser chamada de Biblioteca Imperial e Pública da Corte quando nos tornamos um país independente governado por Imperadores. Mais tarde, ganhou o nome de Biblioteca Nacional, mais apropriado a uma República.

Atualmente, a Biblioteca Nacional é a maior biblioteca da América Latina e uma das dez maiores do mundo segundo a UNESCO, e tem um acervo de mais de nove milhões de itens. Esse acervo cresce vertiginosamente, sobretudo devido a uma política implantada desde 1907 que exige que toda publicação realizada no território nacional envie um exemplar à Biblioteca Nacional.

Os egípcios, como Hipátia, chamavam as bibliotecas de tesouro dos remédios da alma. Quem conhece os prazeres e poder de transformação da leitura, compreende bem esse conceito egipcio. No Brasil, temos inúmeras almas doentes clamando por esses remédios e vários tesouros que podem salvá-las em diversos recantos do país. A Biblioteca Nacional e Hipátia são inspirações e suas Histórias demonstram a força e o valor que todas as bibliotecas carregam em sua essência.

ARTIGO DE ANA PAULA ALMEIDA MARCHESOTTI ORIGINALMENTE PUBLICADO NA REVISTA MEER.COM   EM 29 DE AGOSTO DE 2023.

https://www.meer.com/pt/73979-a-biblioteca-que-atravessou-o-atlantico

terça-feira, 26 de setembro de 2023

Programa Terra De Minas (GLOBO MINAS).



Fui convidada para participar de um Programa que sempre assisti e adoro: o Terra de Minas, da TV Globo Minas. Queriam um relato sobre as histórias da lagoa central de Lagoa Santa/MG, pois a edição trataria das lagoas da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Vivo em Lagoa Santa há mais de vinte anos e caminho semanalmente nessa lagoa. Sou historiadora e estou desenvolvendo um projeto exatamente sobre os Lugares de Memória de Lagoa Santa, dos quais a lagoa central é um dos mais significativos.  Trata-se do MUSEU TERRITÓRIO CAMINHOS DE LUND. 

Quem me entrevistou e conduziu o programa foi a Patrícia Fiuza, jornalista competente e acolhedora. Portanto, tudo se encaixou e fluiu... Apesar das inevitáveis edições e cortes necessários para adaptação ao tempo do programa, acredito que ficou o essencial.

Convido-os para assistir o Programa que foi ao ar no dia 23 de setembro de 2023 e, assim, conhecerem um pouco dessas histórias.


https://globoplay.globo.com/v/11971933/?s=0s 

Hélio Oiticica: Legados de uma antiarte por excelência

Um artista capaz de conceituar uma de suas obras mais significativas como “antiarte por excelência” nos revela muito de sua personalidade e intenção artística. Hélio Oiticica assim o fez com sua obra Parangolé criada a partir de 1964. Sempre polêmico, anarquista e vanguardista por natureza, Oiticica fez um movimento de desintelectualização e dessacralização da arte; de desconstrução e reinvenção de conceitos. Não foi um artista “além de seu tempo” e sim um artista que interagiu, interpretou, revelou, influenciou ativamente a sua época e a nossa.

Oiticica foi um dos mais importantes representantes do Neoconcretismo Brasileiro, movimento de vanguarda que se opunha ao cientificismo e ao materialismo concretista que o precedeu. Os signatários do Manifesto Neoconcretista de 1959 defendiam que a arte precisa de emoção, expressividade, subjetividade e experimentação. Oiticica praticou esses fundamentos de forma radical em seus trabalhos.

A maior parte de sua produção artística foi desenvolvida ao longo da Ditadura Militar. Oiticica nasceu em 1937 no Rio de Janeiro e nos deixou precocemente em 1980, vítima de um AVC. Suas primeiras obras datam de meados da década de 50 com trabalhos que já propunham uma nova linguagem geométrica, não figurativa e em novos suportes. Rapidamente abandonou a tela e a parede para ocupar espaços tridimensionais e externos. Relevos espaciais, cabines coloridas, Bólides, Labirintos foram alguns de seus importantes trabalhos. Todos partindo da experimentação e da busca de uma atitude participativa e não apenas contemplativa do espectador.

Aliás, essa reinvenção da condição do espectador foi uma das maiores contribuições de Hélio Oiticica à Arte Contemporânea. E não foi por acaso que essa intencionalidade artística foi radicalizada durante a Ditadura Militar. O artista passou a frequentar o morro da Mangueira, aproximando-se da população da favela carioca e de sua cultura, sobretudo do samba. Vivenciou a cultura popular e dessacralizou a Arte elitista dos museus. Deu voz à população marginalizada em um momento em que a censura dava o tom. Essa experiência foi marcante na vida e obra de Oiticica, inspirando a criação do Parangolé.

Foto de Parangolé de Hélio Oiticica. Disponível em https://www.culturagenial.com/helio-oiticica-obras-compreender-trajetoria/ Acesso em 14 de abr. de 2023.

Os Parangolés são vestes ou capas feitas de variados materiais e cores que se revelam apenas quando são vestidos e movimentados pelo espectador, preferencialmente através da dança. Na primeira exibição do Parangolé, Oiticica já mostrou a que veio. Em agosto de 1965, apresentou ao público sua obra na abertura da exposição “Opinião 65” no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, com a participação da comunidade da Mangueira. Podemos imaginar o impacto provocado pela entrada das passistas mangueirenses no elitista museu carioca, vestindo os Parangolés, batucando e dançando. Oiticica era um intelectual e um exímio dançarino. Leitor voraz de Nietsche, como esse filósofo, defendia que só poderia crer em um Deus que soubesse dançar.

As autoridades do museu os obrigaram a se retirar do salão, mas Oiticica e seus convidados/co-artistas apresentaram a obra na área externa dos jardins. De uma forma ainda mais estrondosa, o Parangolé entrou para a História como um ato de democratização e dessacralização da arte, de aproximação da Arte Erudita com a Arte Popular e de visibilidade da participação ativa da população mais pobre em um momento de silenciamento forçado da sociedade pela Ditadura Militar.

O Parangolé foi uma obra emblemática desse período político brasileiro, pois, em um momento de repressão, demandava a participação e a livre expressão como condição para que a própria obra pudesse existir e ser vista. Além dessa mensagem implícita, muitos Parangolés apresentavam mensagens abertas com frases como “Capa da Liberdade”, “Da adversidade vivemos” ou “Incorporo a revolta” escritas no próprio tecido.


Nildo da Mangueira vestindo P 15 Parangolé capa 11 – Incorporo a revolta (1967), de Hélio Oiticica. Foto Claudio Oiticica, 1968 Disponível em https://mam.rio/obras-de-arte/parangoles-1964-1979 . Acesso em 14 de abr de 2023.

Oiticica desafiou a disciplinarização forçada, autoritarismo e repressão da Ditadura Militar, os valores intelectualizados elitistas dos museus e do mercado das Artes e, em especial, os fundamentos artísticos hegemônicos da época. Gerou uma nova concepção da obra de arte na qual ela não deveria ser apenas vista, mas acima de tudo sentida e experimentada. O espectador não é mais um contemplador, mas um co-autor da obra, pois essa só existe com a sua participação ativa. Os suportes possíveis da obra de arte também são ampliados, chegando ao próprio corpo humano. Na verdade, no Parangolé o corpo é, além de suporte, parte da própria obra.

Hélio Oiticica leva à risca o pensamento do escultor mineiro Amílcar de Castro que afirmava que a Arte pode ser mil coisas. Demonstrou isso na sua prática artística. O Parangolé dialoga com a música, com a dança e até com a arquitetura da favela. A obra é apresentada associada aos movimentos e ritmos do samba, dialogando de forma direta com essas expressões artísticas. O próprio nome da obra remete a outra linguagem, a arquitetura. Parangolé foi uma palavra que inspirou o artista quando a viu identificando uma barraca improvisada de um mendigo. A obra Parangolé, assim como a arquitetura das favelas, é feita de materiais diversos e reaproveitados, é resultado de improviso e adaptações.

Um artista da genialidade de Hélio Oiticica reverbera além do seu grupo, do seu tempo e do seu país. Na mesma época em que os Parangolés de Oiticica eram produzidos, no submundo dos hospitais psiquiátricos Arthur Bispo do Rosário criava o seu Manto. Um cobertor velho que se transmutou em um traje majestoso e em uma respeitada obra de arte após ser inteiramente bordado pelos símbolos, números e frases de Bispo. A intencionalidade dos artistas era bem diversa, pois Bispo do Rosário o construiu a partir de um elemento sagrado, para vesti-lo durante a sua passagem no dia do Juízo Final. Mas os dois artistas tinham elementos em comum: o vestir a obra de arte tendo o corpo como suporte, a profusão de materialidades tidas até então como não dignas da arte, o objeto sensorial e em diálogo com outras linguagens artísticas.

Vemos interações do Parangolé até mesmo com as novas tendências da moda internacional contemporânea. Em 2017, a coleção da Louis Vuitton foi reconhecidamente inspirada na obra do brasileiro Hélio Oiticica. Artistas renomados vestem parangolés modernos e campanhas publicitárias utilizam a sua linguagem visual. As obras de Oiticica permanecem sendo criadas e recriadas e mexendo com nossas emoções.

A explicação para isso é que vemos em Hélio Oiticica a convergência de várias linguagens artísticas, culminando em obras que dialogam com os fundamentos estéticos da Arte Contemporânea Mundial. No entanto, tais fundamentos são transmutados para a realidade brasileira, para o que nos identifica como povo e para nossas origens mais profundas. Traz o caráter congenial dos artistas brasileiros, mostrando ao mundo e ao Brasil, a nossa verdadeira face.


ARTIGO DE ANA PAULA MARCHESOTTI ORIGINALMENTE PUBLICADO NA REVISTA MEER.COM DE 29 DE JULHO DE 2023

https://www.meer.com/pt/74125-helio-oiticica


terça-feira, 12 de setembro de 2023

Assassinato de professores e alunos: A violência dentro das escolas precisa nos levar para além da indignação.

 

Imagem: Flores diante da Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, no Brasil, alvo de tiroteio em 2019. Disponível em : https://pt.wikipedia.org/wiki/Tiroteio_em_escolas

A Violência dentro das escolas precisa nos levar para além da indignação. Toda notícia de um assassinato cruel provoca imediatamente grande repercussão e indignação social. Isso demonstra que preservamos valores fundamentais que nos tornam Humanos. Quando o assassinato acontece em uma instituição escolar e tem como vítimas uma professora ou crianças, a indignação vem acompanhada por um sentimento de vulnerabilidade permanente e de desvalorização ainda maior da Educação. A partir daí presenciamos a propagação de discursos radicais incapazes de mudar a realidade. Precisamos ir além da Indignação, mas qual é o caminho?

No dia 27 de março de 2023, um estudante de 13 anos esfaqueou pelas costas a professora Elizabeth Tenreiro, de 71 anos, na Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo. Foi mais um caso de violência sofrida por professores que ocorre diariamente nas escolas brasileiras, nas mais diversas formas e intensidades. Violências verbais, desrespeito por parte de alunos, pais e autoridades, desvalorização do seu trabalho, condições precárias, insegurança, ameaças... Muitas dessas violências foram tão normalizadas pela sociedade que nem causam mais a indignação popular.

Quando uma sociedade não valoriza a educação e os educadores; quando pais não educam seus filhos para respeitarem seus mestres; quando governantes não dão condições de trabalho e não remuneram dignamente os profissionais de Educação; quando os meios de comunicação disseminam valores individualistas, consumistas e relativizam a importância do conhecimento e do estudo; quando figuras públicas como a funkeira Pipokinha humilham professores em suas postagens para seus numerosos seguidores; todos estão gerando assassinatos como o da Elisabeth e outras tantas violências no interior das escolas brasileiras.

Menos de dez dias após o assassinato na escola paulistana, ficamos estarrecidos diante da notícia de um atentado a uma creche na cidade de Blumenau, no sul do país. Um jovem de 25 anos pulou o muro e atacou crianças a machadadas, deixando quatro mortas. Como digerir uma notícia dessas? Como não nos indignar com tamanha violência em um ambiente que deveria ser de acolhimento, segurança e propulsor de valores e conhecimento?

As estatísticas mostram um aumento considerável de atentados em instituições de ensino e isso não fazia parte da realidade brasileira. A violência e a apatia geral diante dela têm origens que precisam ser compreendidas e enfrentadas em sua raiz. A violência física é sempre mais chocante que a violência verbal, mas ambas são inadmissíveis. A aceitação passiva da segunda leva à primeira. No entanto, quando ocorre um assassinato como o da professora Elizabeth, dentro da sala-de-aula, presenciamos a mesma sociedade que permite e incentiva todo tipo de desrespeito e violência diária aos professores exigindo punição exemplar aos adolescentes que cometem crimes contra seus educadores. Não há uma reflexão coletiva sobre as origens do fato e sim um foco na mera punição. Não há dúvida que a impunidade incentiva o crime e deve ser combatida, mas simplesmente aumentar penas não muda a realidade. 

O que temos visto é que a indignação com o assassinato em São Paulo desencadeou novas discussões sobre a Maioridade Penal e sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Discursos calorosos são proferidos exigindo a diminuição da Maioridade Penal para que crianças e adolescentes menores de 18 anos possam cumprir penas no sistema prisional, assim como adultos. Ouvimos diariamente críticas ao ECA e a defesa de que seja alterado para que haja aumento e mudanças nas modalidades de penas às crianças e adolescentes que cometem crimes.

Ao mesmo tempo, o atentado à Creche de Blumenau tem provocado uma crescente demanda por segurança nas escolas através de propostas de intervenção como câmeras, grades, detentor de metais, rondas e policiais nas instituições. Toda reflexão, discussão e debate são bem vindos numa Democracia e defenderei sempre o direito de todos se expressarem. Mas esse debate precisa ser ampliado, verticalizado e apurado. É mais fácil culpabilizar indivíduos do que a sociedade; castigar quem executa o crime do que quem o incentiva; punir a violência do que evitá-la.

Quando governantes irresponsáveis como o Jair Bolsonaro fazem discursos de ódio, normalizam e estimulam a violência, defendem o armamento da população; quando internautas difundem atos, valores e discursos agressivos; todos estão incentivando milhares de pessoas a fazerem o mesmo e alguns a chegarem às últimas consequências, assim como o jovem que assassinou as crianças em Blumenau. É bom lembrar que ele tem 25 anos e a maioridade penal não o impediu de cometer o crime bárbaro.

Quando eu dava aulas, ouvia constantemente de estudantes - do Ensino Fundamental ao Superior - frases depreciativas quanto aos professores e à escola. Via uma banalização da violência e da vida que desembocava em atos de agressão física e verbal. Eles simplesmente repetiam pensamentos e ações que lhes foram introjetados pela sua família, por personalidades políticas e sociais e pelas mídias. Esses valores estão disseminados na sociedade e são reforçados e retroalimentados diariamente. Não há como blindar as escolas desses pensamentos, precisamos desconstruí-los.

Quando fui Gestora e Assessora de uma Secretaria de Educação, constatei que políticas públicas que propõe mudanças setorizadas e superficiais não promovem as mudanças necessárias na Educação. Projetos apresentados como inovadores são elaborados com a expectativa de provocar transformações na Educação, mas análises demonstram pouco impacto. O que se vê são políticas inócuas sendo implementadas constantemente pelas Secretarias de Educação dos três âmbitos da Federação sem a necessária intervenção na base e na estrutura do sistema.

Precisamos fazer uma grande mudança social, de valores e de Políticas Públicas. É urgente uma mudança estrutural na Educação que promova a valorização dos educadores, incorpore novos profissionais de apoio como psicólogos e assistentes sociais, implemente ações que deem segurança a todos no ambiente escolar. É fundamental que a sociedade se enxergue, reflita sobre suas responsabilidades, mude seus valores e exija do Poder Público mudanças para além dos discursos políticos e para além do simples aumento da punição ou transformação das escolas em locais blindados por sistemas de segurança.

Que continuemos nos indignando diante de fatos, discursos e acontecimentos que ferem nossos valores humanos. Porém, que sejamos críticos (e autocríticos) o suficiente para enxergarmos todas as responsabilidades e as reais origens que os causaram. Assim não continuaremos apenas propondo mudanças na superficialidade e nas consequências dos problemas e seremos capazes de transformar o que realmente é necessário para evitar tristes fatos como o assassinato de Elizabeth Tenreiro e de crianças indefesas.

ARTIGO DE ANA PAULA ALMEIDA MARCHESOTTI ORIGINALMENTE PUBLICADO NA REVISTA MEER.COM,   EM 29 DE JULHO DE 2023.

https://www.meer.com/pt/73978-assassinato-de-professores-e-alunos

terça-feira, 28 de março de 2023

Momento de retorno após um novo "tempo da vírgula".

Mais um "tempo da vírgula" foi necessário no Blog, mas estou de volta! 

A minha primeira postagem de junho de 2020 cabe bem nesse novo recomeço.

"Na verdade, o blog sempre me retratou, inclusive no seu silêncio.

Mas não era um ponto final e sim uma vírgula. Eu precisei do precioso tempo da vírgula para me reinventar e seguir adiante.

A vida, assim como um texto, nos convida a novos caminhos e novos desafios todo o tempo. O importante é não deixar esse convite sem resposta. E minha resposta é SIM, BORALÁ!!! "

Então vamos lá, pois nunca estive tão motivada para escrever. Espero que curtam as novas postagens!!! 

  Foto by Marina Marchesotti. (Curitiba/Brasil)

domingo, 16 de agosto de 2020

Os egípcios chamavam as Bibliotecas de "tesouro dos remédios da alma"



Fonte: Pinterest

Os amantes dos livros, nos quais eu me incluo, ficam fascinados diantede uma estante repleta deles. Uma Biblioteca é como um parque de diversões para crianças. E como é bom ser criança diante de tantos brinquedos mágicos!

Biblioteca nos remete à ideia de um depósito de livros normalmente aberto ao público. Mas nem sempre foi assim... As primeiras surgiram no Oriente e eram locais onde se guardavam as tabuletas de argila nas quais se faziam os registros escritos. O objetivo maior era a preservação do conhecimento e não sua divulgação. O uso dos pergaminhos no Mundo Antigo disseminou muito a escrita e fez surgir espaços mais próximos às atuais bibliotecas. Porém, durante a Idade Média, todo o acervo bibliográfico ficou longe da população, restrito e protegido nos mosteiros e conventos. Os monges copistas foram responsáveis por reproduzir manualmente obras únicas. O livro e o filme “O nome da Rosa” mostram bem o fascínio e a importância das bibliotecas medievais.

Com o ressurgimento das cidades e nascimento das primeiras universidades no século XIII, as bibliotecas foram abertas à consulta e disseminadas por diversos países. Mas foi no século XV que ocorreu uma das maiores revoluções da Humanidade: a invenção da imprensa por Gutemberg. Este alemão, leitor voraz, criou um sistema de caracteres móveis que permitiu a produção de livros em massa, tornando-os mais baratos e acessíveis à população. Gutemberg possibilitou a circulação do conhecimento e a ampliação dos acervos das bibliotecas de todo o mundo.

Séculos mais tarde, a Internet deu mais um salto, colocando o conhecimento universal ao alcance de todos ( ou a todos que tem esse acesso). Bibliotecas Digitais facilitam a disponibilização de livros de todo o mundo. E Bibliotecas Híbridas unem várias mídias e o melhor desses dois universos. Pesquisas acadêmicas demonstram que o mundo digital não será o fim das Bibliotecas físicas, muito pelo contrário.

A informação de um e-book pode ser a mesma, mas o prazer de manusear um livro não pode ser substituído por uma tela branca cheia de caracteres. Podem me chamar de antiquada!

Annette Laming-Emperaire e Luzia em Minas Gerais: O encontro das mulheres que nos revelou nossas remotas origens

Disponível em https://www.brasildefato.com.br/2018/09/04/luzia-5-curiosidades-sobre-o-fossil-perdido-no-incendio-do-museu-nacional/. Acesso ...