quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Gente é pra brilhar

Caetano Veloso - WikiwandA purgação de Maiakóvski – Panaceia – Clube de Livros


Caetano Veloso me instigou a conhecer o poeta russo Vladimir MaiaKóvski. Devo mais essa emoção ao baiano que faz minha trilha sonora há tantos anos!

A frase “gente é pra brilhar” na música Gente foi inspirada no poema “A Extraordinária Aventura vivida por Vladimir Maiakóvisky no Verão em Datcha”. Essa frase sempre foi um mantra para mim, apesar de desconhecer sua origem até recentemente.

Desde o nascimento de minha filha, repito para ela “Nós nascemos para sermos felizes, nascemos para brilhar!”. Acredito nisso, apesar do sentido ter mudado ao longo da vida. Hoje sei que a felicidade não é plena, estável e vitalícia. O sofrimento é inevitável, mas podemos reencontrar a felicidade se soubermos lidar melhor com ele. Não são os outros os responsáveis pela nossa felicidade e sim as nossas próprias concepções e ações diante da vida. Entretanto, a felicidade não é um sentimento individualista. Precisamos estar sintonizados e contribuindo com o outro e com o mundo. Não dá para sermos felizes de forma duradoura causando ou nos omitindo diante do sofrimento alheio.

O brilho tampouco é individual, ninguém brilha sozinho. Gente é para brilhar, para ser luz e calor para si e para os outros.

O poema de Maiakóvski relata uma conversa do poeta com o Sol. Ele descreve a resposta do Sol diante de seus questionamentos acerca da dureza da vida: “Vamos, poeta, cantar, luzir no lixo cinza do universo. Eu verterei o meu sol e você o seu com seus versos”. Nem mesmo o Sol brilha sozinho! O brilho de um não ofusca o brilho do outro, na verdade o intensifica e o potencializa.

Caetano replicou em sua música a frase mais contundente do poema e leva diariamente milhares de pessoas a cantarem (e gritarem) com ele que “Gente é pra brilhar, não pra morrer de fome”.

É um forte hino à dignidade, , felicidade e potencialidade humana na construção de um mundo melhor.
“ Gente quer comer. Gente que ser feliz. 
Gente quer respirar ar pelo nariz.
Não, meu nego, não traia nunca. Essa força não.
Essa força que mora em seu coração” 

Que força transformadora tem a música e as palavras!!

segunda-feira, 10 de agosto de 2020


Refletindo um pouco mais sobre a essência e destino dos rios brasileiros através do poder das belas palavras de Fernando Pessoa


Na ribeira deste rio

Na ribeira deste rio
Ou na ribeira daquele
Passam meus dias a fio.
Nada me impede, me impele,
Me dá calor ou dá frio.

Vou vendo o que o rio faz
Quando o rio não faz nada.
Vejo os rastros que ele traz,
Numa sequência arrastada,
Do que ficou para trás.

Vou vendo e vou meditando,
Não bem no rio que passa
Mas só no que estou pensando,
Porque o bem dele é que faça
Eu não ver que vai passando.

Vou na ribeira do rio
Que está aqui ou ali,
E do seu curso me fio,
Porque, se o vi ou não vi.
Ele passa e eu confio.


(Poema de Fernando Pessoa musicado por Dori Caymmi)

domingo, 2 de agosto de 2020

A Pandemia é um alerta à arrogância humana,

Foto de: Engin Akyurt de Pexels

Em tempos de perspexidade com a caótica reviravolta mundial, afastamento de corpos, medo coletivo, perdas humanas e materiais cotidianas, mais do que nunca o tempo da vírgula se impõe como uma necessidade.
Fomos forçados a parar, a desacelerar, a ressignificar vários aspectos da nossa vida. Criamos nova disciplina dos corpos e diferentes estratégias de sobrevivência e interação. Buscamos explicações humanas e espirituais para tamanha tragédia e, apesar de cercados por excesso de informações, não sabemos no que acreditar e o que esperar do futuro.
A espécie humana - soberana no Planeta Terra - tornou-se ameaçada e vulnerável diante de um micro-organismo invisível e incontrolável. Os arrogantes Homo sapiens que agem como se todos os demais seres vivos e inanimados do planeta existissem apenas para servi-los, viram-se diante de seus próprios limites e finitude.
Testemunhamos que o planeta sobrevive sem nossa presença, mais do que isso, que vive melhor com nossa ausência. Presenciamos a natureza se regenerar pulsantemente quando saímos de cena. Clima, flora, fauna, águas demostraram saúde com a nossa doença. Diante dessa revelação, é urgente a escrita de uma vírgula, um tempo para refletirmos e para redefinirmos a rota para a Humanidade e todo o planeta daqui para frente.
Para isso, outra análise se impõe. As Fronteiras e nacionalismos, tão arduamente defendidos ao longo da História, perdem o sentido quando a Humanidade está ameaçada. Vírus, doenças, mudanças climáticas, tragédias naturais, quedas de meteoros, tudo que pode colocar em risco a existência humana não enxerga as fronteiras nacionais criadas pelos homens. Na nova rota que precisaremos trilhar a união, parceria e solidariedade mundial serão fundamentais. A utopia de um mundo sem fronteiras e de solidariedade universal está mais viva do que nunca.
Essa é a grande lição desse surreal 2020. Ao ditado “para um bom entendedor, meia palavra basta”, acrescento “para um bom entendedor, meia palavra não basta, é primordial uma vírgula”.

quinta-feira, 30 de julho de 2020




O tempo da vírgula é precioso para escritores e leitores, apesar de normalmente não nos darmos conta disso. É um momento de fôlego, de reflexão, alinhamento de caminhos, redirecionamento de rotas, expectativa de novos desdobramentos.

O que seriam dos textos sem as vírgulas? O que seria do pensamento humano sem as vírgulas? O que seria da vida sem as vírgulas? É o tempo da vírgula que nos recarrega para seguir adiante.

Esse espaço é um convite para essa parada na correria da vida, para um momento de reflexão sobre nosso cotidiano, História, cultura e tudo mais que nos cerca e nos dá conhecimento e prazer para continuarmos a escrita da vida.
 

quarta-feira, 29 de julho de 2020

O recomeço após o precioso tempo da vírgula.

Sejam bem vindos ao Tempo da Vírgula!!! Eu preciso admitir que esse blog é, acima de tudo, um ato de reinvenção, recomeço e até de teimosia da minha parte.

Em 2008 criei meu primeiro blog -  tremdahistoria.blogspot.com -  convidando as pessoas a realizarem comigo expedições ao passsado e momentos de reflexão sobre nosso presente e nossa cultura. O blog se transformou em um espaço de memória dos meus artigos e pensamentos ao longo dos anos. Fiz várias publicações até 2014, mas parei. O blog emudeceu, congelou, paralisou. 

Não sei responder ao certo o motivo. Falta de tempo para escrever, outras prioridades de vida, desestímulo,... Talvez um pouco de tudo isso. Na verdade, o blog sempre me retratou, inclusive no seu silêncio.

Mas não era um ponto final e sim uma vírgula. Eu precisei do precioso tempo da vírgula para me reinventar e seguir adiante.

A vida, assim como um texto, nos convida a novos caminhos e novos desafios todo o tempo. O importante é não deixar esse convite sem resposta. E minha resposta é SIM, BORALÁ!!! 

Nos novos caminhos, deixamos para traz o que não nos serve mais e levamos conosco nossa História e o que damos verdadeiro valor. Portanto, trarei para o Tempo da Vírgula parte do repositório de textos ja escritos e compartilhados no Trem da História.

Pretendo me desafiar constantemente ao prazer laborioso da escrita, mas entremearei os inéditos com alguns textos antigos. Espero que curtam comigo essa estrada sinuosa de idas e vindas, de escritas e vírgulas.

Annette Laming-Emperaire e Luzia em Minas Gerais: O encontro das mulheres que nos revelou nossas remotas origens

Disponível em https://www.brasildefato.com.br/2018/09/04/luzia-5-curiosidades-sobre-o-fossil-perdido-no-incendio-do-museu-nacional/. Acesso ...