domingo, 16 de agosto de 2020

Os egípcios chamavam as Bibliotecas de "tesouro dos remédios da alma"



Fonte: Pinterest

Os amantes dos livros, nos quais eu me incluo, ficam fascinados diantede uma estante repleta deles. Uma Biblioteca é como um parque de diversões para crianças. E como é bom ser criança diante de tantos brinquedos mágicos!

Biblioteca nos remete à ideia de um depósito de livros normalmente aberto ao público. Mas nem sempre foi assim... As primeiras surgiram no Oriente e eram locais onde se guardavam as tabuletas de argila nas quais se faziam os registros escritos. O objetivo maior era a preservação do conhecimento e não sua divulgação. O uso dos pergaminhos no Mundo Antigo disseminou muito a escrita e fez surgir espaços mais próximos às atuais bibliotecas. Porém, durante a Idade Média, todo o acervo bibliográfico ficou longe da população, restrito e protegido nos mosteiros e conventos. Os monges copistas foram responsáveis por reproduzir manualmente obras únicas. O livro e o filme “O nome da Rosa” mostram bem o fascínio e a importância das bibliotecas medievais.

Com o ressurgimento das cidades e nascimento das primeiras universidades no século XIII, as bibliotecas foram abertas à consulta e disseminadas por diversos países. Mas foi no século XV que ocorreu uma das maiores revoluções da Humanidade: a invenção da imprensa por Gutemberg. Este alemão, leitor voraz, criou um sistema de caracteres móveis que permitiu a produção de livros em massa, tornando-os mais baratos e acessíveis à população. Gutemberg possibilitou a circulação do conhecimento e a ampliação dos acervos das bibliotecas de todo o mundo.

Séculos mais tarde, a Internet deu mais um salto, colocando o conhecimento universal ao alcance de todos ( ou a todos que tem esse acesso). Bibliotecas Digitais facilitam a disponibilização de livros de todo o mundo. E Bibliotecas Híbridas unem várias mídias e o melhor desses dois universos. Pesquisas acadêmicas demonstram que o mundo digital não será o fim das Bibliotecas físicas, muito pelo contrário.

A informação de um e-book pode ser a mesma, mas o prazer de manusear um livro não pode ser substituído por uma tela branca cheia de caracteres. Podem me chamar de antiquada!

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Gente é pra brilhar

Caetano Veloso - WikiwandA purgação de Maiakóvski – Panaceia – Clube de Livros


Caetano Veloso me instigou a conhecer o poeta russo Vladimir MaiaKóvski. Devo mais essa emoção ao baiano que faz minha trilha sonora há tantos anos!

A frase “gente é pra brilhar” na música Gente foi inspirada no poema “A Extraordinária Aventura vivida por Vladimir Maiakóvisky no Verão em Datcha”. Essa frase sempre foi um mantra para mim, apesar de desconhecer sua origem até recentemente.

Desde o nascimento de minha filha, repito para ela “Nós nascemos para sermos felizes, nascemos para brilhar!”. Acredito nisso, apesar do sentido ter mudado ao longo da vida. Hoje sei que a felicidade não é plena, estável e vitalícia. O sofrimento é inevitável, mas podemos reencontrar a felicidade se soubermos lidar melhor com ele. Não são os outros os responsáveis pela nossa felicidade e sim as nossas próprias concepções e ações diante da vida. Entretanto, a felicidade não é um sentimento individualista. Precisamos estar sintonizados e contribuindo com o outro e com o mundo. Não dá para sermos felizes de forma duradoura causando ou nos omitindo diante do sofrimento alheio.

O brilho tampouco é individual, ninguém brilha sozinho. Gente é para brilhar, para ser luz e calor para si e para os outros.

O poema de Maiakóvski relata uma conversa do poeta com o Sol. Ele descreve a resposta do Sol diante de seus questionamentos acerca da dureza da vida: “Vamos, poeta, cantar, luzir no lixo cinza do universo. Eu verterei o meu sol e você o seu com seus versos”. Nem mesmo o Sol brilha sozinho! O brilho de um não ofusca o brilho do outro, na verdade o intensifica e o potencializa.

Caetano replicou em sua música a frase mais contundente do poema e leva diariamente milhares de pessoas a cantarem (e gritarem) com ele que “Gente é pra brilhar, não pra morrer de fome”.

É um forte hino à dignidade, , felicidade e potencialidade humana na construção de um mundo melhor.
“ Gente quer comer. Gente que ser feliz. 
Gente quer respirar ar pelo nariz.
Não, meu nego, não traia nunca. Essa força não.
Essa força que mora em seu coração” 

Que força transformadora tem a música e as palavras!!

segunda-feira, 10 de agosto de 2020


Refletindo um pouco mais sobre a essência e destino dos rios brasileiros através do poder das belas palavras de Fernando Pessoa


Na ribeira deste rio

Na ribeira deste rio
Ou na ribeira daquele
Passam meus dias a fio.
Nada me impede, me impele,
Me dá calor ou dá frio.

Vou vendo o que o rio faz
Quando o rio não faz nada.
Vejo os rastros que ele traz,
Numa sequência arrastada,
Do que ficou para trás.

Vou vendo e vou meditando,
Não bem no rio que passa
Mas só no que estou pensando,
Porque o bem dele é que faça
Eu não ver que vai passando.

Vou na ribeira do rio
Que está aqui ou ali,
E do seu curso me fio,
Porque, se o vi ou não vi.
Ele passa e eu confio.


(Poema de Fernando Pessoa musicado por Dori Caymmi)

domingo, 2 de agosto de 2020

A Pandemia é um alerta à arrogância humana,

Foto de: Engin Akyurt de Pexels

Em tempos de perspexidade com a caótica reviravolta mundial, afastamento de corpos, medo coletivo, perdas humanas e materiais cotidianas, mais do que nunca o tempo da vírgula se impõe como uma necessidade.
Fomos forçados a parar, a desacelerar, a ressignificar vários aspectos da nossa vida. Criamos nova disciplina dos corpos e diferentes estratégias de sobrevivência e interação. Buscamos explicações humanas e espirituais para tamanha tragédia e, apesar de cercados por excesso de informações, não sabemos no que acreditar e o que esperar do futuro.
A espécie humana - soberana no Planeta Terra - tornou-se ameaçada e vulnerável diante de um micro-organismo invisível e incontrolável. Os arrogantes Homo sapiens que agem como se todos os demais seres vivos e inanimados do planeta existissem apenas para servi-los, viram-se diante de seus próprios limites e finitude.
Testemunhamos que o planeta sobrevive sem nossa presença, mais do que isso, que vive melhor com nossa ausência. Presenciamos a natureza se regenerar pulsantemente quando saímos de cena. Clima, flora, fauna, águas demostraram saúde com a nossa doença. Diante dessa revelação, é urgente a escrita de uma vírgula, um tempo para refletirmos e para redefinirmos a rota para a Humanidade e todo o planeta daqui para frente.
Para isso, outra análise se impõe. As Fronteiras e nacionalismos, tão arduamente defendidos ao longo da História, perdem o sentido quando a Humanidade está ameaçada. Vírus, doenças, mudanças climáticas, tragédias naturais, quedas de meteoros, tudo que pode colocar em risco a existência humana não enxerga as fronteiras nacionais criadas pelos homens. Na nova rota que precisaremos trilhar a união, parceria e solidariedade mundial serão fundamentais. A utopia de um mundo sem fronteiras e de solidariedade universal está mais viva do que nunca.
Essa é a grande lição desse surreal 2020. Ao ditado “para um bom entendedor, meia palavra basta”, acrescento “para um bom entendedor, meia palavra não basta, é primordial uma vírgula”.

Annette Laming-Emperaire e Luzia em Minas Gerais: O encontro das mulheres que nos revelou nossas remotas origens

Disponível em https://www.brasildefato.com.br/2018/09/04/luzia-5-curiosidades-sobre-o-fossil-perdido-no-incendio-do-museu-nacional/. Acesso ...